quarta-feira, 25 de novembro de 2009


A Literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada através do espírito do artista e retransmitida através da língua para as formas, que são os gêneros, e com os quais ela toma corpo e nova realidade. Passa, então, a viver outra vida, autônoma, independente do autor e da experiência de realidade de onde proveio.

(Afrânio Coutinho)

domingo, 22 de novembro de 2009


Vertendo-se mulher, menina,
Subjuga àquela de lugar donde até então, causa perdida havia teu regresso...

Vazio


Dará conta de tua insensatez, a instauração do vazio insinuante a teu lado?
Haverá perdão à desalojada figura?
Porquanto haja...
Sabe da ínfima aceitação de tua subsistência?
De certo que não...
Não obstante, tua negação precede à tua criação.

Inquieta-se a exploração do tempo, receando tua escassez,
Extinguindo o sentimento passional à tua alusão.
Se o desejo se aloja pulsante, e nítida tua forma aos olhos desfila:
De todas as asas? Assombra aquela que o sentido pilha.

Vertendo-se mulher, menina,
Subjuga àquela de lugar donde até então, causa perdida havia teu regresso.
E a ausência do julgo dessa transgressão, vem servir a sentença que brota sob tu.

Vai da mesma forma que veio vazio!
E tua redundância leve a conhecer que depois dela, tornou-se intolerável teu reconhecimento.
E inútil será tua tentativa de retorno.
Mesmo reforçado!
Pois, à solidão, faltará bravura diante dela...
Falta o ar diante dela!

E de tudo que faltava e havia, a festeja e bem diz.
Pois toda expressão convergi-se àquela:
Feliz, ser Feliz.

Vai então vazio, e leva contigo tua insensibilidade,
Que dela extrai-se esta sina: Felicidade.

Vai vazio, e contigo tua insensibilidade...
Que o momento é de ser Feliz...
Com esta Felicidade.