quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Viver enconchado






Revelamo-nos num encontro paradoxal
embora a afronta, não pudesse imaginar
vertendo-nos até o arrebol
desafiamos o verbo abdicar

No abraço, a dor corrompida
mensurou quão passos dar
nos fez de forma precisa
reinantes em nosso abraçar

Simbiose sedimenta fragmento
a escolha ecoa no ar
se um dia estivemos placebo
não foi por vontade de estar

Tua tez uma fonte delicada
nos faz quase levitar
quisera viver enconchado
contigo nas ondas do mar






Utopia




Dentro de mim não sei o que sou
bicho? Gente? O tempo que revele
meu prazer se traduz em minha dor
agonia vara saudade à flor da pele

Reflito aflito em pensamento vasto
reflexo profano da cobiça agridoce
desfigura o desejo tal qual casto
venera o anseio como se ele fosse

Os olhos que me espreitam do avesso
talham-me lágrimas cristalinas que o passado espia
folhas farfalham sob o peso de sonho um inconfesso

E um eclipse pontilha-se num céu que se resfria.
Saio de mim na poesia da noite e logo amanheço
um ínfimo estilhaço de utopia...




Agradecimento a escritora Sandra por sua parceria