quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Ser Poeta




O poeta é igual a todo mundo que é diferente!

Seu riso é dor; sua dor consigo ri, sofregamente.

Poeta não mente a não ser para tua própria mente.


Poeta não tem casa, e nem sabe exatamente o significado

Da palavra lar. Ele vive acima disso! Consegue enxergar o mundo,

Por olhos diferentes, dos meus e dos teus.


O poeta vê o mundo, a alguns degraus abaixo de Deus!


Para você se tornar um poeta

Não bastará um tilintar de dedos...

Para ser poeta, terá que viver sem medo.


Poeta enxerga Amor em todo lugar!

Quando bombas marcam silvos no ar,

Ele o encontra até lá...


O poeta vive por viver intensamente.

Sem distinguir a quem pertencem os momentos,

Os vive integralmente.


E não difere de alguém em função de particularidades,

O poeta enaltece a todos que exibem no peito e na alma,

A altivez da tua singularidade.



quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Estilhaços do tempo




Bastou somente um lance do teu olhar!

Por minhas veias, miríades de motivos aglomeraram-se tentando me convencer, a conjugar o verbo Amar. Um calafrio percorreu meu corpo de menina moça...

Tal qual um paladino, teu pensamento invadiu o meu a aclamar: sou a voz do Amor meu bem. Ouças!

Tive medo, fiquei assustada! A este enredo não estava acostumada. Mas te queria ali, bem perto de mim.

Observava cada movimento teu!

À medida que o tempo passava, e quão intensamente te olhava, aquela voz novamente anunciava: querias conhecer o Amor? Reconheças aqui estou! Quero fazer-te minha amada.

Mas nada me convencia!

Nem a voz do meu próprio coração conseguia.

Lembro-me de ouvi-lo falar: quero me entregar, faças como eu. Estou a te suplicar. Confias!

Então, percebendo que o teu olhar e nem mesmo a voz do teu pensamento iriam bastar; projetou-se em minha direção com um sorriso, que fez meus olhos cintilarem.

Um calafrio me invadiu!

Meu coração parecia do peito saltar. Mas, sem ao menos ouvir o que tu falaste. A criança em mim se manifestou...

Oportunista, ardilosamente o medo destilou teu veneno: fujas daí, não te deixes levar!

E eu fugi...

Eu fugi quando meu desejo implorava para naquele lugar permanecer.

Quando na verdade, o que eu mais queria, era de menina moça, à mulher me transformar, entregando-me a ti.

E nem ao menos testemunhei aquela lágrima, à tua face inundar.

Nem ao menos um aceno; sequer um simples aceno. Nem isto! O medo permitiu ensaiar.

Meus ouvidos fecharam-se quando tive a chance de escutar! Furtei de mim mesma, a possibilidade de confiar... Jamais reconheci em mais alguém, motivos para amar.

De todos os sentimentos, o único que consigo me lembrar chama-se arrependimento...

A dor que me consome que me dilacera por dentro; vem da mesma voz que um dia me trouxe o Amor, nas nuvens do pensamento.

Mas agora, talvez por vingança, ou quem sabe até mesmo por divertimento, só me traz pequeninas lembranças...

Impiedosos e meros estilhaços do tempo.



Agradeço a Marcia Poetisa pelo mote

domingo, 15 de agosto de 2010

Masoquismo



Saio de casa fujo de mim

band-aid não serve,

nem a cor combina

em meio ao que quero,

há quem sou... não há

fadiga pro desejo

abandono meu colo

lá está você... um olhar...

um arrepio, volto a te encarar

apanho de novo... e gosto...

amanhã fujo novamente

que ódio!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Viver enconchado






Revelamo-nos num encontro paradoxal
embora a afronta, não pudesse imaginar
vertendo-nos até o arrebol
desafiamos o verbo abdicar

No abraço, a dor corrompida
mensurou quão passos dar
nos fez de forma precisa
reinantes em nosso abraçar

Simbiose sedimenta fragmento
a escolha ecoa no ar
se um dia estivemos placebo
não foi por vontade de estar

Tua tez uma fonte delicada
nos faz quase levitar
quisera viver enconchado
contigo nas ondas do mar






Utopia




Dentro de mim não sei o que sou
bicho? Gente? O tempo que revele
meu prazer se traduz em minha dor
agonia vara saudade à flor da pele

Reflito aflito em pensamento vasto
reflexo profano da cobiça agridoce
desfigura o desejo tal qual casto
venera o anseio como se ele fosse

Os olhos que me espreitam do avesso
talham-me lágrimas cristalinas que o passado espia
folhas farfalham sob o peso de sonho um inconfesso

E um eclipse pontilha-se num céu que se resfria.
Saio de mim na poesia da noite e logo amanheço
um ínfimo estilhaço de utopia...




Agradecimento a escritora Sandra por sua parceria

sábado, 7 de agosto de 2010

Pai


Aos pais mando um abraço
sem importar sua idade
pra todos o meu apreço.
Ô Papai quanta saudade

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Perder-se de Amor


No desejo a pele alva empalidece
noite sem rumo
vida sem prumo
alma agoniza, desejo apetece

Um sussurro na noite
inaudível a olho nu
No zumbido envolto em uivo,
a matilha alimenta o açoite

Assanha a sanha
desnuda o pomo da discórdia,
desfigura a alma sem barganha

O apocalíptico prurido
sacramenta teu destino
Perder-se de Amor, sem antes sentí-lo.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Extermínio

Sangrou, e o desejo vociferou
A carne não dilacerar?
Somente d’alma se fartar?
De quê olho, o seu se espelhou?

Dizes de mim: decisão não terás
Digo e tu: quê decidirás?
Afora o tempo que aqui estou
Embora o julgo, que aqui tu fazes

Risque este peito
Rasgue, mas sem direito
Seja simetricamente perfeito
Que a dor num instante mate
Noutro, torne-se sem efeito.

Cicatriz na alma ou na carne
Aonde quiser, podereis tentar
Se amanhã resolveres continuar
Além do que há no peito
O que mais, poderás exterminar?

Matuta, guerreira


Não se poderia dizer que na vida foi meretriz, todavia, se jamais teve filho sem pai, também foi por um triz. Uns até diziam que fumava, bebia e cheirava, mas uma moça daquelas não deixaria estes vícios torná-la prisioneira, Mais fácil seriam os outros prazeres da carne, estes sim: ela mesma os aprisionar.
Matuta, guerreira. Sem eira nem beira, parecia zombar de tudo ao seu redor. Como se tudo aquilo fosse uma séria brincadeira de ciranda, sapateava sem música tocar, chorava sem lágrima rolar. Sofria sem ninguém ver!
Nas bandas donde vivia, sempre que amanhecia, se podia contar: os surdos juravam um canto escutar... Os cegos agitados sorriam "vendo" a moça passar. Até os moribundos por aquelas terras se deixavam contagiar...
Mas até que era fácil perceber que no peito a moça guardava não se sabe o quê, que vinha não se sabe da onde; e aquilo a sufocava por dentro, fazendo-a quase levitar, para logo depois no chão, àquela moça subjugar.
A última notícia que se teve dela, foi que um moço de asas, se pôs a moça abraçar. E foi com muito jeito, com muito carinho que o ouviram falar: não tenhas medo anjo, venho em missão de resgate, e para casa finalmente podereis retornar...Se nisso tudo é difícil de acreditar, não serei eu quem vai julgar.Mas quem conta esta história, são os cegos e mudos, que vivem pelas ruelas daquele lugar.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Sigilo


Dos olhos lágrima não terás
De uma alma congelada não desfilará
A face seca estava e seca continuará
As marcas que deviam da lágrima se fartar
Guardam sigilosamente a tristeza que por ela jaz