quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Estilhaços do tempo




Bastou somente um lance do teu olhar!

Por minhas veias, miríades de motivos aglomeraram-se tentando me convencer, a conjugar o verbo Amar. Um calafrio percorreu meu corpo de menina moça...

Tal qual um paladino, teu pensamento invadiu o meu a aclamar: sou a voz do Amor meu bem. Ouças!

Tive medo, fiquei assustada! A este enredo não estava acostumada. Mas te queria ali, bem perto de mim.

Observava cada movimento teu!

À medida que o tempo passava, e quão intensamente te olhava, aquela voz novamente anunciava: querias conhecer o Amor? Reconheças aqui estou! Quero fazer-te minha amada.

Mas nada me convencia!

Nem a voz do meu próprio coração conseguia.

Lembro-me de ouvi-lo falar: quero me entregar, faças como eu. Estou a te suplicar. Confias!

Então, percebendo que o teu olhar e nem mesmo a voz do teu pensamento iriam bastar; projetou-se em minha direção com um sorriso, que fez meus olhos cintilarem.

Um calafrio me invadiu!

Meu coração parecia do peito saltar. Mas, sem ao menos ouvir o que tu falaste. A criança em mim se manifestou...

Oportunista, ardilosamente o medo destilou teu veneno: fujas daí, não te deixes levar!

E eu fugi...

Eu fugi quando meu desejo implorava para naquele lugar permanecer.

Quando na verdade, o que eu mais queria, era de menina moça, à mulher me transformar, entregando-me a ti.

E nem ao menos testemunhei aquela lágrima, à tua face inundar.

Nem ao menos um aceno; sequer um simples aceno. Nem isto! O medo permitiu ensaiar.

Meus ouvidos fecharam-se quando tive a chance de escutar! Furtei de mim mesma, a possibilidade de confiar... Jamais reconheci em mais alguém, motivos para amar.

De todos os sentimentos, o único que consigo me lembrar chama-se arrependimento...

A dor que me consome que me dilacera por dentro; vem da mesma voz que um dia me trouxe o Amor, nas nuvens do pensamento.

Mas agora, talvez por vingança, ou quem sabe até mesmo por divertimento, só me traz pequeninas lembranças...

Impiedosos e meros estilhaços do tempo.



Agradeço a Marcia Poetisa pelo mote

domingo, 15 de agosto de 2010

Masoquismo



Saio de casa fujo de mim

band-aid não serve,

nem a cor combina

em meio ao que quero,

há quem sou... não há

fadiga pro desejo

abandono meu colo

lá está você... um olhar...

um arrepio, volto a te encarar

apanho de novo... e gosto...

amanhã fujo novamente

que ódio!