quinta-feira, 22 de julho de 2010

Matuta, guerreira


Não se poderia dizer que na vida foi meretriz, todavia, se jamais teve filho sem pai, também foi por um triz. Uns até diziam que fumava, bebia e cheirava, mas uma moça daquelas não deixaria estes vícios torná-la prisioneira, Mais fácil seriam os outros prazeres da carne, estes sim: ela mesma os aprisionar.
Matuta, guerreira. Sem eira nem beira, parecia zombar de tudo ao seu redor. Como se tudo aquilo fosse uma séria brincadeira de ciranda, sapateava sem música tocar, chorava sem lágrima rolar. Sofria sem ninguém ver!
Nas bandas donde vivia, sempre que amanhecia, se podia contar: os surdos juravam um canto escutar... Os cegos agitados sorriam "vendo" a moça passar. Até os moribundos por aquelas terras se deixavam contagiar...
Mas até que era fácil perceber que no peito a moça guardava não se sabe o quê, que vinha não se sabe da onde; e aquilo a sufocava por dentro, fazendo-a quase levitar, para logo depois no chão, àquela moça subjugar.
A última notícia que se teve dela, foi que um moço de asas, se pôs a moça abraçar. E foi com muito jeito, com muito carinho que o ouviram falar: não tenhas medo anjo, venho em missão de resgate, e para casa finalmente podereis retornar...Se nisso tudo é difícil de acreditar, não serei eu quem vai julgar.Mas quem conta esta história, são os cegos e mudos, que vivem pelas ruelas daquele lugar.

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